Ela sempre quis escutar as palavras doces que ele nunca diria. Não que ainda alimentasse a esperança de que algum dia ele mudasse de atitudes. Não esperava mais nada dele, a não ser cumplicidade. Eram os dois cúmplice de sentimentos a muito mortos e enterrados. Eram os sobreviventes de um mar de fogo, que os consumiu até restarem apenas cinzas. Cinzas da cor dos olhos dele.
Não existia nada no mundo que deleitasse tanto a visão de Marlene quanto aquele sorriso travesso que brotava do rosto do jovem homem. Uma pena os sorrisos de Sirius terem se tornado tão monstruosos quanto seus princípios. Mas Marlene não queria mais lamentar estas besteiras, e se deixou fitar mais um pouco a face dele, que se sentava à sua frente enquanto comia, concentrado demais para perceber a atenção que a mulher lhe dispensava.
Era naquele restaurante pequeno que eles costumavam se encontrar vez por outra, para rir e matar a saudade dos tempos de escola. Mas hoje era um dia especial: estavam comemorando uma vitória silenciosa e pequena diante de um adversário cruel e implacável - o Tempo. Marlene comemorava seu aniversário ao lado daquela companhia extrema e provocante, exausta pela festa a qual recém haviam abandonado.
- Eu não sei porque continuo vindo aqui com você, Sirius...
O homem desviou os olhos do seu prato de comida e encarou a mulher que estava na sua frente como se percebesse pela primeira vez que ela estava ali.
- Acho que é o meu charme natural, Marlene. As mulheres grudam em mim como moscas no mel...
Marlene riu daquele comentário idiota e lançou o tronco para frente, de modo a ficar mais próxima de Sirius.
- Você já deixou todo o seu mel espalhado lá em casa, Black. Este lugar deve ter um motivo especial para nós, mesmo que inconsciente.
Sirius analisou as palavras dela. Era verdade: não precisavam estar ali naquele restaurantezinho, de madrugada, comendo uma comida miserável e falando trivialidades. Eles já tinham passado desta fase de encontros furtivos em lugares públicos há muito tempo. Ele lambeu os lábios com a ponta da língua, sem saber o que dizer.
- Acho que este lugar é enfeitiçado - e riu do seu comentário.
Girando a cabeça para os lados, Marlene olhou aquele lugar e pensou que ali era o local menos mágico de toda Londres. Era tão trouxa quanto qualquer outro restaurante barato daquela cidade. Não, Marlene duvidava muito que havia algum feitiço naquelas paredes.
- Talvez seja o costume.
- Costume? - Sirius parou para pensar. - É. Talvez realmente seja um costume.
Ela sabia que ele estava pensando no relacionamento deles. Já fazia quase dois anos que eles mantinham uma relação de proximidade quase parasita. E Marlene sabia que não era amor tanto quanto Sirius.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
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Um comentário:
"proximidade quase parasita". Gostei - huaihiauhaiuhaiuhiuhi -. Não se preocupe, neste final de semana, trabalhei bem em cima da minha visão fantasiosa da Marlene e parece-me estar dando certo.
É, cara sulista, talvez aquela seja a menininha crescida... Já está pronto, aliás. - huaihaihiuahaiuhaiuha - Já até posso ver você fazer uma cara de pavor por ler estas palavras. Não se preocupe, vou mandar só depois, quando já estiver MUITÍSSIMO satisfeita com o resultado.
Quanto ao trecho... bem... Será que devo dizer que mal posso esperar para ver no que ele vai dar?! Só não me lembro se este trecho é fragmento de algum daqueles resumos que você me passou.
Beijos ^^
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